Área 91



Espaçonaves estacionadas em galpões que, durante as noites dos fins de semana, se transformam em atrações para mais de 10 mil pessoas. Essas são as aparelhagens de tecnobrega, peças essenciais do movimento musical originado e consumido em Belém do Pará e nas regiões vizinhas, que a cada ano expande suas fronteiras.

Foi em 2009, enquanto eu estava envolvido em outro projeto na capital paraense, que tive a oportunidade de testemunhar de perto uma festa de aparelhagem. Fiquei atônito ao ver o que parecia ser uma espaçonave sendo ovacionada por uma multidão extasiada. Minha mente foi inundada por imagens cinematográficas, especialmente aquelas da era em que a computação gráfica dava seus primeiros passos.

O recorte das imagens tem como objetivo identificar elementos estéticos característicos dos filmes de ficção científica, que despertam nos frequentadores das festas de aparelhagem um fascínio pelo extraordinário, pelo inimaginável. As produções cinematográficas da era pré-computação gráfica frequentemente exibiam estruturas extravagantes, com linhas geométricas exageradas e toques de kitsch. E essas características podem ser observadas tanto no design das aparelhagens quanto nas catarses promovidas pelos excessos, seja de luzes, da fumaça, como do volume do som, nas festas de aparelhagem.

O nome "Área 91" faz alusão ao código de comunicação de Belém e também à famosa base militar americana "Área 51", local que, segundo ufólogos, oculta e investiga objetos voadores não identificados. Essas alegações têm inspirado a imaginação de inúmeros autores e roteiristas de ficção científica ao longo dos anos.

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Esse projeto foi concretizado com o apoio do Instituto de Artes do Pará e recebeu o primeiro lugar na categoria de livre criação no XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia 2012.