Em 2005, por indicação do antropólogo Hermano Vianna, tomei contato pela
primeira vez com a cena musical do tecnobrega em Belém do Pará. O
fascínio logo se transformou em uma ambiciosa pesquisa acadêmica. Nela,
analisamos a economia do tecnobrega, seu modelo de negócio, levantamos
as receitas e os números daquele vigoroso mercado cultural. O trabalho
culminou no livro “Tecnobrega: O Pará Reinventando o Mercado da Música”
publicado em 2008 pela editora Aeroplano.
Todo o esforço de se compreender cientificamente a complexidade do tecnobrega, no entanto, sucumbe à sua dimensão simbólica. E nada representa melhor essa dimensão do que as aparelhagens, gigantescas espaçonaves, que funcionam como um grande altar que celebra a intensidade da música paraense.
São esses OVNIs que estão retratados no belo trabalho de Thales Leite no livro Área 91. Thales optou por um olhar que retrata as aparelhagens do tecnobrega como artefatos tecnológicos que parecem ter sido transplantados do futuro. Um futuro florestal e amazônico, é verdade, que nos faz lembrar o extraordinário potencial do Norte do Brasil, profetizando seu impacto para o destino do país.
Quem olha as fotos de Thales, pode ter a impressão de que se trata de objetos tecnológicos frios, em que o componente humano fica em segundo plano. Poderiam ser elementos de uma estação de força alemã (um kraftwerk), ou peças de cenário de um filme de ficção científica. Mas não são nada disso. As aparelhagens são celebrações puras de humanidade.
Quem só olha as fotos do livro Area 91 não faz ideia da energia sonora e festiva que emana delas. Não faz ideia da quantidade de corpos em movimento que se agregam em torno de cada um desses artefatos. A dança, o suor, a alegria, o delírio, o contato íntimo e pessoal, são essas as forças que emanam desses curiosos objetos técnicos.
As fotos reunidas nesse livro, assim, são para mim uma enorme fonte de otimismo. Elas representam um desejo genuíno do Brasil de participar do progresso tecnológico não apenas como consumidor, mas também como protagonista. A região amazônica, berço do tecnobrega, é um território estratégico para a inovação. Tecnologias verdes, ganhos de eficiência, modelos de sustentabilidade e tantos outros campos promissores (e amigáveis a nós, humanos) podem ambicionar desenvolvimento por lá.
Assim, em cada altar musical, em cada aparelhagem, em cada uma das espaçonaves retratadas neste livro viaja também a expectativa de que um híbrido tecnológico surja em nosso país. Que sejamos o lugar onde o suor, a alegria, a dança e a festa sejam amalgamadas à técnica, às tecnologias da comunicação e da informação, à biotecnologia e à quarta revolução industrial. Me interessa menos como ser humano e brasileiro saber o que a tecnologia pode fazer pelo Brasil e mais o que o que Brasil poderá fazer da tecnologia. O trabalho retratado aqui vislumbrar essa opção.
Ronaldo Lemos
Todo o esforço de se compreender cientificamente a complexidade do tecnobrega, no entanto, sucumbe à sua dimensão simbólica. E nada representa melhor essa dimensão do que as aparelhagens, gigantescas espaçonaves, que funcionam como um grande altar que celebra a intensidade da música paraense.
São esses OVNIs que estão retratados no belo trabalho de Thales Leite no livro Área 91. Thales optou por um olhar que retrata as aparelhagens do tecnobrega como artefatos tecnológicos que parecem ter sido transplantados do futuro. Um futuro florestal e amazônico, é verdade, que nos faz lembrar o extraordinário potencial do Norte do Brasil, profetizando seu impacto para o destino do país.
Quem olha as fotos de Thales, pode ter a impressão de que se trata de objetos tecnológicos frios, em que o componente humano fica em segundo plano. Poderiam ser elementos de uma estação de força alemã (um kraftwerk), ou peças de cenário de um filme de ficção científica. Mas não são nada disso. As aparelhagens são celebrações puras de humanidade.
Quem só olha as fotos do livro Area 91 não faz ideia da energia sonora e festiva que emana delas. Não faz ideia da quantidade de corpos em movimento que se agregam em torno de cada um desses artefatos. A dança, o suor, a alegria, o delírio, o contato íntimo e pessoal, são essas as forças que emanam desses curiosos objetos técnicos.
As fotos reunidas nesse livro, assim, são para mim uma enorme fonte de otimismo. Elas representam um desejo genuíno do Brasil de participar do progresso tecnológico não apenas como consumidor, mas também como protagonista. A região amazônica, berço do tecnobrega, é um território estratégico para a inovação. Tecnologias verdes, ganhos de eficiência, modelos de sustentabilidade e tantos outros campos promissores (e amigáveis a nós, humanos) podem ambicionar desenvolvimento por lá.
Assim, em cada altar musical, em cada aparelhagem, em cada uma das espaçonaves retratadas neste livro viaja também a expectativa de que um híbrido tecnológico surja em nosso país. Que sejamos o lugar onde o suor, a alegria, a dança e a festa sejam amalgamadas à técnica, às tecnologias da comunicação e da informação, à biotecnologia e à quarta revolução industrial. Me interessa menos como ser humano e brasileiro saber o que a tecnologia pode fazer pelo Brasil e mais o que o que Brasil poderá fazer da tecnologia. O trabalho retratado aqui vislumbrar essa opção.
Ronaldo Lemos